A imprensa é tendenciosa, corporativista e sensacionalista.

Uma das características de governos autoritários é o domínio da informação. Somente o governante pode falar. As opiniões individuais são inibidas e proibidas.

Como isso se assemelha à imprensa?

O autoritarismo que impede a manifestação de terceiros, reservando-se a via única da comunicação é um sistema imposto pelo cerceamento dos meios e pelo uso da força punitiva para os que conseguem ultrapassar os limites impostos.

No caso dos veículos de imprensa não há imposição. Mas as características naturais do processo lhe garantem o privilégio de “subir ao púlpito”, ter a exclusividade do microfone na mão e, na outra ponta, uma multidão consumidora.

Não que tenha sido criada com esse exclusivo propósito, mas à medida que percebeu-se nessa posição, passou a criar seu modus operandi e arrogar-se exclusividades corporativistas, impondo-se até sobre o estado, exceto quando se depara com o autoritarismo deste.

Justo pelo fato de ser amordaçada quando a democracia falece, a imprensa se escondeu por trás do jargão de ser guardiã dessa democracia. Dizem: “sem imprensa livre não há democracia”.

Há nessa repetição, consumida sem análise, uma inversão própria das falácias: a proposição é verdadeira se – e somente se – esta imprensa estiver a serviço da divulgação dos eventos vindos à tona, apresentando todas as versões e pontos de vista, deixando – e até habilitando – o consumidor da notícia a ponderar, analisar, escolher e formar opinião.

Mas o que se vê é uma imprensa que apresenta apenas a versão que lhe interessa e favorece. Uma imprensa que escolhe ângulo e contexto. Uma imprensa que garante até em seus slogans (sem subterfúgios) que apresenta “a verdade” e nesse contexto, rotula os eventos com o seu crivo pessoal, taxando-os de verdades ou mentiras, ao seu bel prazer.

Aos observadores sensatos não causa perplexidade o fato de “a plateia” acatar esses rótulos, visto que a grande maioria tornou-se incapaz de racionalizar não apenas sobre a notícia, mas, principalmente, sobre sua formatação e sobre os interesses da fonte.

Na polarização estúpida em que o País foi mergulhado pela manipulação de políticos e de “formadores de opinião” (em grande parte, a imprensa), criando uma horda de zumbis ditos “idiotas úteis”, as pessoas há tempos perderam a capacidade analítica. Preferem consumir o que já vem mastigado pelos comentaristas profissionais, de forma a assumirem aquelas opiniões como suas para saírem por aí, mimetizando e pondo em curso a sua incompetência.

Na realidade, nem se trata de uma “preferência”. Trata-se do quê tão somente lhes restou pela incapacidade de raciocínio próprio que lhe foi induzida!

Isso fica patente ao observarmos a segmentação da imprensa, de tal sorte que é possível “escolher” a versão favorável ao polo desejado.

Sobre corporativismo é notável como as emissoras tornam-se uníssonas quando se trata de acender a fogueira que alimenta sua hegemonia. Se um repórter é “agredido” todas se unem para protestar e exigir reparo e respeito.

Quando em fevereiro de 2014 um cinegrafista foi atingido por rojão durante manifestação no Rio de Janeiro, a imprensa se uniu em verdadeira campanha que imputava “excessivo rigor acusatório”, no dizer do advogado de defesa, cuja tese acabou vitoriosa perante o tribunal. Para os órgãos da imprensa corporativa houve “intensão e propósito” de matar o cinegrafista.

Ora, não se trata aqui de defender o erro ocorrido de soltar um rojão em praça pública durante uma intensa movimentação. Mas daí a afirmar – como a totalidade da imprensa o fez – que o rojão fora “direcionado” para cometer o assassinato, vai uma distância que não pode ser atribuída ao despreparo verificado em boa parte dos jornalistas. É, sim, corporativismo.

Na atualidade, a imprensa reclama de “assédio judicial” para “choromingar” contra “o risco de serem acionados judicialmente por suas publicações” segundo dizeres iniciais da nota publicada pela Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Não querem sequer correr o risco de serem denunciados por abuso. Solicitam isenção total.

Mas quando a repetição de uma cena lhes interessa, o fazem a tal ponto que mais equivale a “propaganda” do que “notícia”. Repetem a tal ponto que torna-se insuportável aos ouvidos. Isto seria assédio?

Cabe ao Poder Judiciário o entendimento sobre assédio judicial. Quanto à imprensa, pode queixar-se no processo, mas ficar repetindo para o grande público uma “nota” com tal alegação é, sem dúvida, ação corporativista.

Eu sou a favor da liberdade de imprensa. Mas apenas da imprensa legitima que aborda todos os lados da informação, sem foco exclusivo naquilo que lhe interessa; sem omissão daquilo que não acatam e, por fim, sobre a qual prevaleça a justiça, pois ninguém está acima dela.

Por fim, justifico a opinião de que a imprensa é “sensacionalista” e isso também não é difícil.

Basta ver como as notícias de alto impacto emocional – sobretudo quando há imagem disponível para reforçar a atenção dos tolos – são priorizadas em detrimento de outras de maior importância geral.

Mesmo que a notícia seja de caráter restrito, ganha espaço e até repetições insanas, se houver imagens de câmeras privadas – muitas vezes péssimas imagens.

Todo o Brasil tem que acompanhar os engarrafamentos de trânsito ocorridos nos grandes centros do país, quando isso em nada interessa aos usuários das vias locais de sua cidade.

Isso para não falar sobre a forma como as notícias sobre a pandemia são pautadas. Basta olhar, ler, escutar.

A pauta deste sítio tem base em opinião pessoal. Se você discorda, mande seu comentário embasado. Eu gosto de ponderar os dois lados da moeda… os oito de um cubo… a miríade relativa às opiniões pessoais.

Aguardo a sua.

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