Economia e finanças: qual a diferença?

Quem melhor definiu de forma simplificada a diferença entre economia e finanças foi o meu amigo Bezerra. Toda manhã, antes de iniciarmos o expediente na TELERN, uma turminha amiga ficava sentada no canteiro do prédio sede, na Rua Jundiaí. Quem ia chegando era logo envolvido na gozação geral.

Bezerra quase sempre ia trabalhar de ônibus. Raramente ia de carro. Amarilson era o primeiro a fazer piada quando via Bezerra estacionar o automóvel. Curiosamente era justo quando se aproximava o final do mês e o dinheiro ia acabando antes de recebermos o pagamento mensal. Amarilson dizia não entender porquê justo nessas ocasiões de pouco dinheiro, Bezerra “posava de rico” tirando o carro da garagem.

Um dia Bezerra explicou e eu passei a usar o exemplo em sala de aula: Estar sem dinheiro era justamente a causa dele vir de carro, visto que o ônibus não aceitava cartão de crédito. Já no posto de gasolina ele podia comprar combustível para pagar na próxima fatura. Ou, de outra forma, ele já estava com o tanque cheio antes do dinheiro acabar (era o estoque).

Esse é um excelente modelo para ilustrar essa diferença. No final do mês, o amigo estava financeiramente quebrado. Porém, economicamente, ele podia contar com recursos “faturados” relativos ao trabalho prestado para a TELERN.

Uma empresa tem que buscar resultados nos dois sentidos, e a administração desses dois fatores são diferentes.

Estar financeiramente bem, significa ter disponibilidade de dinheiro na hora certa de sua necessidade. Tomando o exemplo de Bezerra, seria administrar a disponibilidade de forma a deixar uma reserva para pagar o ônibus no final do mês antes do recebimento do salário.

Estar economicamente bem, significa garantir que o empreendimento está gerando receitas mais valiosas do que as despesas. Significa que a lucratividade do negócio está garantida e sustentada por longo prazo, com o máximo de rentabilidade. Voltando ao exemplo do nosso amigo, ele estaria economicamente quebrado se fosse trabalhar todo dia de carro e essa despesa com transporte ultrapassasse seu limite salarial.

Uma empresa – ou uma pessoa – pode estar financeira bem e economicamente quebrado. Quando uma pessoa é demitida de um emprego de longa duração, ela recebe o seu FGTS e verbas rescisórias, ficando com uma soma de dinheiro que muitas vezes nunca teve antes nas mãos. Estará financeiramente no topo, “podendo gastar”. No entanto, deve ficar alerta para o fato de que não haverá receita nova entrando mensalmente enquanto não estiver em novo emprego ou empreendimento. (Pior é que tem gente que enlouquece quando vê tanto dinheiro, e compra carro, faz viagem, dá presente e reforma casa. Em pouco tempo cai na real e não pode mais pôr gasolina nem pagar as prestações – e o banco cessa o limite do cartão e exige o pagamento da dívida).

Os micro empresários muitas vezes passam por situações assim e quando se dão conta estão quebrados e endividados. Seu negócio parece lucrativo, mas depois de um ou dois anos de operação ele precisa tomar um empréstimo para quitar suas contas, ganha uma sobrevida que o ilude novamente. Com mais um ano se vê sem crédito, sem dinheiro para pagar sequer sua folha de pagamento e com dívidas de longo prazo.

A gestão financeira exige no mínimo um controle de Fluxo de Caixa – previsão de despesas e receitas e suas respectivas datas de ocorrência de forma a garantir que exista dinheiro para honrar a exigência de pagamentos sem atrasos!

Falaremos de Fluxo de Caixa e sua gestão.

A gestão econômica deve contemplar lucratividade do negócio, capacidade instalada e seu custeio, classificação de custos fixos e custos variáveis, entre outros indicadores de resultado. Vamos abordar esses aspectos.

Por fim, deixemos claro um alerta informativo: períodos de resultados econômicos negativos não assustam e podem ser facilmente ultrapassados (Eu disse períodos. Não o projeto inteiro). Mas uma situação financeira difícil pode quebrar uma empresa em pouco tempo. A gestão de ambas em equilíbrio e o completo domínio sobre o quê está acontecendo é desejável e importante (e possível – ainda bem).

Por ora, importa que esteja clara a diferença entre economia e finanças. Se o significado destas palavras ficar bem fixado, outras noções serão mais facilmente assimiladas. Chegaremos lá.
E se estiver com alguma dúvida ou quiser mais detalhes, mande um comentário!

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