A melhor coisa do mundo

Quem comandou a pesquisa foi Toinho Biquara, na verdade, Antônio Nascimento, um amigo, engenheiro, colega da TELERN, que já se foi desse mundo.

Parece estranho para quem conheceu Toinho, porque ele não era muito de filosofar. Na verdade, sua vertente mais conhecida era a da irreverência ou, para ficar mais próximo de seu estilo, a esculhambação geral.

Fiel a esse princípio, ele costumava afirmar que “a pior coisa do mundo seria um chute nos ‘ovos’ com sapato de bico fino, desses que mata barata no canto da parede”.

Certa ocasião, ao corrigir alguém que afirmara que “a pior coisa do mundo era lidar com pessoas”, Toinho substituiu a frase pela sua afirmação sobre o tal “chute nos ovos”, recebendo, de volta, o desafio de profetizar qual seria a melhor coisa do mundo.

Ao invés de responder com sua opinião pessoal, Toinho mostrou curiosidade em saber a resposta e passou a perguntar a várias pessoas qual seria, na opinião de cada um, a melhor coisa do mundo.

A pesquisa exploratória gerou um grande elenco de possibilidades: saúde, amor, dinheiro, viajar, um chopp gelado… e por aí foi.

A técnica utilizada para chegar à conclusão final pautou-se em hierarquizar as possibilidades por comparação duas a duas… então a melhor coisa do mundo foi subindo de posição em posição, muitas vezes gerando polêmicas e dúvidas que eram eliminadas com discussões e análises situacionais.

Desse processo, subiu ao topo da lista a expressão “PAZ DE ESPÍRITO”.

Não esqueci esse legado do grande Toinho Biquara: a melhor coisa do mundo é paz de espírito; paz interior.

Continuo ouvindo, de vez em quando, alguém afirmar, em conversas fiadas cotidianas, que “a melhor coisa do mundo é isso ou aquilo”.

Em meu consciente viciado, passo ao crivo metodológico da pesquisa original e comparo o resultado de então com a nova possiblidade. Nunca, nada conseguiu desbancar a expressão vitoriosa.

Nos tempos atuais de pandemia, percebo muita gente arriscar votos de saúde, afirmando que “é a melhor coisa do mundo… o resto a gente dá um jeito”. Penso então, comigo mesmo: saúde ou paz de espírito?

Uma pessoa pode estar doente, sofrendo dores, isolamento ou mesmo consciente de uma fase terminal. Se estiver em Paz consigo, sofrerá menos. Um estoico estará até tranquilo e conformado. Será paciente.

Em oposição, desfrutar de saúde plena, porém com algo perturbando a paz, provocando ansiedades, medos e intranquilidade, não parece um cenário melhor. Leva à loucura.

Desafio lançado, se você não concordar: Fica aberta a temporada de busca por alguma coisa que, justificadamente, desbanque a Paz de Espírito de seu posto supremo de melhor coisa do mundo.

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